FREGUESIA DE SANTA MARINHA
Igreja Matriz
É um templo quinhentista, cuja fundação se atribui a D. Afonso II, e que foi totalmente reparado em 1745, sob o risco do arquitecto Nicolau Nazoni.
È uma Igreja ampla e com bastante luz e está dotada de belas imagens de madeira, sendo a mais notável, a do Senhor Jesus Crucificado, com 8 palmos, assente numa cruz de pau de ébano., que se encontra num altar próprio e da qual nunca foi possível identificar o seu autor.
No altar mor, estão expostas nas paredes 4 telas, enquadradas em ricas molduras, colocadas nos intervalos das janelas, figurando a Anunciação, o Nascimento, a Fuga para o Egipto e a Adoração dos Reis Magos. Esta última, a de melhor traço, ignora-se qual foi o seu autor, por não estar assinada, podendo ser de Nicolau Nazoni..
Ainda, no altar-mor existem 2 paíneis de azulejos oitocentistas., que representam cenas bíblicas, embora exista quem advogue, serem da vida de Santa Marinha.
Mosteiro da Serra do Pilar
Considerado pela UNESCO, Património da Humanidade, o Mosteiro da Serra do Pilar, verdadeiro ex-libris de Gaia, é o monumento de maior relevo na freguesia de Santa Marinha.
A primeira pedra foi lançada em 28 de Agosto de 1538 (dia de Santo Agostinho) pelo Bispo D. Baltazar Limpo, no reinado de D. João III.
A Igreja actual foi iniciada em 1598 e acabada apenas em 1672, ficando do antigo convento a torre sineira e o dormitório que actualmente pertence ao Regimento de Artilharia.
A Igreja é circular, bem como o claustro, e são uma cópia da igreja de Santa Maria Redonda, de Roma.
O claustro, com 36 belas colunas jónicas, é também circular e foi concluído em 1692.
Capela do Bom Jeus de Gaia
Sobre esta capela, não existem dados seguros, e os que se conhecem são contraditórios. Contudo, existem vestígios romanos comprovados, provavelmente até de ali terem existido umas termas em tempos remotos.
O templo possui fundações muito antigas, da alta Idade Média, e que sofreu grandes alterações e ampliações ao longo dos tempos Terá sido a sede episcopal dos Suevos, anterior à do Porto, e fundada por S. Basílio, uma figura lendária. Durante muitos anos teve lugar uma procissão das gentes do Porto encabeçada pelo Cabido da Sé, comemorativa daquele facto.
Dentro da capela existe uma imagem de Santa Liberata, uma mártir do século II, cuja lenda está conotada com Gaia.(ver história da padroeira de Santa Marinha).
Convento de Corpus Christi
Localizado em pleno Centro Histórico, bem perto da Igreja Matriz de Santa Marinha, este antigo e belo convento Dominicano, cujo edifício remonta ao séc. XIV, sofreu profundas alterações e acréscimos no séc. XVIII.
Fundado em 1345, o Convento de Corpus Christi é resultado do empenho e crença de uma fidalga de Gaia, Dona Maria Mendes Petite, que ali se encontra sepultada.
No edifício do Convento de Corpus Christi, muitos objectos e espaços se salientam pela sua riqueza e valor artístico e patrimonial, como é o caso da Capela de estilo barroco joanino, de forma octogonal e coroada por uma cúpula;
o “coro alto”, espaço totalmente barroco, com o tecto formado por 49 caixotões decorados com pinturas a óleo; o cadeirão do mesmo coro, da Segunda metade do século XVII. Há ainda a salientar a antiquíssima estátua de S. Domingos de Gusmão, do séc. XIV, bem como o Senhor Jesus Crucificado, em tamanho natural.
Em lugar nobre na Igreja, encontra-se a arca tumular de Álvaro Anes de Cernache, 1º. Senhor de Gaia-a-Grande, falecido em 1442.
Lugar de Gaia
Lugar com enorme simbolismo e misticismo, o Lugar de Gaia é a parte mais alta da colina de Gaia, tendo por isso uma situação privilegiada sobre o Rio Douro.
Inicialmente, foi um castro fortificado, da idade do bronze final. Desde aí passou por várias mãos, ao sabor das conquistas dos povos. Foi de Romanos, Muçulmanos, Galegos, época em que esteve na origem da Lenda de Gaia. No início do século XIX, foi ocupado pelas tropas Miguelistas, durante as lutas com os Liberais.
Em todas estas lutas, o castelo foi sendo sucessivamente destruído, e hoje nada resta dele. Além dos factos históricos e das lendas, mais nada se sabe deste sítio, embora vários investigadores tivessem já estudado o local, mas sem sucesso.
Quem passar pelo local, apenas se poderá aperceber do primitivo porto, que esteve na origem do nome Portus Cale, da porta de entrada na Vila de Gaia e das escadarias que davam acesso ao castelo, ou à Cale (as “escadas da Boa Passagem”).
Localização: Na zona ribeirinha de Gaia, na Freguesia de Sta. Marinha, no casario existente na encosta da colina, entre as pontes de Luís I e da Arrábida.
Capela do Senhor D’Além
A Capela do Senhor D´Além, construída em 1877, está situada na rua de Cabo Simão junto ao sopé da Escarpa da Serra do Pilar.
Esta capela é a sucessora do Hospício Carmelita do século XVI. Merecem destaque a talha dourada de grande ornamentação no altar e a “Milagrosa Imagem”.
Esta Capela encontra-se atualmente abandonada e em Ruínas.
Dois dos sinos foram retirados pela Junta de Freguesia de Santa Marinha e encontram-se guardados nas suas instalações. Os outros dois foram furtados.
A capela é propriedade do Episcopado do Porto.
O edifício em ruínas que é visível ao fundo é a antiga fábrica de Louça do Senhor D/Além.
“Quando o bispo do porto, D. Pedro Rabaldio, mandou erigir, no ano de 1140, no sítio em que, presentemente, vemos o edifício do mosteiro da serra do Pilar, um convento de monjas de invocação a São Nicolau foi achada uma imagem do Senhor Crucificado.
O mesmo bispo, então, mandou construir uma ermida, para a recolha da mesma imagem, no sítio em que, actualmente, está a capela do Senhor de Alem.
E, mais tarde, quando os monges de Grijó conseguiram mandar construir o actual convento da serra do Pilar, o bispo D. Baltazar Limpo ordenou que as imagens de São Nicolau, de São Bartolomeu e do Senhor Crucificado, que estavam na igreja do extinto convento das Donas Pregaretas de S. Nicolau, fossem recolhidas à capela do Senhor de Além, já reformada e ornamentada, para tal fim, pelos monges de Grijó, cerimónia que se realizou no dia 24 de Agosto de 1500, depois das mesmas imagens serem conduzidas, processionalmente, em barcos pelo rio Douro.
A primitiva imagem do Senhor Crucificado existente na capela foi, certa vez, levada à cidade do Porto, por motivo de fazer-se preces ad preltendam pluviam – rezar a queda de chuvas – sendo conduzida em fervorosa procissão pelas ruas da mesma cidade.
E como sucedesse chover, os cónegos da Sé do Porto recolheram a imagem e não mais a deixaram vir para a sua capela, facto que redundou em grande arrelia para os Gaienses.
Por fim, em virtude do prelado mandar erigir um altar para a imagem do Senhor de Além, no claustro da Sé, os devotos de Gaia mandaram fazer outra nova imagem e a colocaram, com todo o luzimento, no mesmo lugar em que era venerada a primitiva.
A nova imagem, em outras ocasiões, chegou a ser conduzida, em barcos, até à foz do Douro, por motivo de preces; mas os Gaienses nunca mais permitiram que ela fosse à vizinha cidade.
Anos depois, junto à capela do Senhor de Além – 5-3-1739 – cinco frades carmelitas, calçados, fundaram um hospício que funcionou até 1832.
O edifício do hospício, depois de 1834, foi vendido e nele chegou a funcionar uma fábrica de louça.
Presentemente todo o edifício está em ruínas.
A actual capela, que mantém o culto, foi edificada, no lugar da antiga, em 1877.
Tem benfeitores muito fervorosos.
A festa em honra do Senhor de Além realiza-se, sempre, no domingo seguinte em que se celebra a festividade à Senhora do Pilar, no penúltimo domingo de Agosto.”
In Resenha histórica de CALE Vila de Portugal e Castelo de Gaia.
Foto: André Santiago