O passado dia 21 de janeiro, marcou a passagem do 10º aniversário sobre o falecimento de um dos mais notáveis “santamarinhenses”.
A Junta de Freguesia assinalou esta data com duas iniciativas marcantes.
Durante a tarde, e com a presença da família, amigos, e autarcas, municipais e de freguesia, de diversas forças políticas, foi inaugurada a placa toponímica da “Rua José Guimarães (Poeta)”.
Das individualidades presentes, destaque para o Presidente da Assembleia Municipal, Dr. Albino Almeida, o Vereador da Cultura da Câmara Municipal de Gaia, Dr. Delfim Sousa, o Presidente da Assembleia de Freguesia de Santa Marinha e S. Pedro da Afurada, Dr. Salvador Santos e o Presidente da Junta de Freguesia, Paulo Lopes.
A noite ficou marcada por um espetáculo realizado na Tuna Musical de Santa Marinha (segunda “casa” de José Guimarães), em que participaram cerca de 25 artistas cuja carreira ficou marcada pelo contacto com José Guimarães, que interpretaram canções por si escritas.
Marcaram presença neste momento, entre outros, o Presidente da Assembleia Municipal, Dr. Albino Almeida e o Presidente da Junta de Freguesia, Paulo Lopes.
«O poeta popular, letrista, músico, escritor, autor e encenador teatral José Guimarães. Nascido no Porto em 20 de Agosto de 1930, vivia em Vila Nova de Gaia há muitos anos e considerava-se Gaiense por opção. Inscreveu-se na SPA em 5 de Dezembro de 1950 e escreveu cerca de dois milhares de canções, mas a sua atividade criativa não se ficou por aí. Verdadeiro “autodidata das atividades culturais”, como um dia lhe chamaram, começou cedo nas “lides”: com 12 anos já inventava pequenas revistas que eram interpretadas por crianças como ele, que moravam na sua rua. Estudou até aos 17 anos na Escola Industrial Infante D. Henrique, onde concluiu o curso complementar dos liceus. Com 18 anos de idade iniciou-se na escrita e na encenação de Teatro de Revista para grupos de teatro amador. Mais tarde, porém, estreou-se no teatro profissional. Foi vencedor de Festivais da Canção, no país e no estrangeiro, e de numerosas Marchas de S. João.A sua produtividade criativa era de tal ordem que em 1971 já tinha mais de mil canções gravadas em disco. Quando faleceu tinha assinado quase duas mil. É seguramente o autor português com mais canções gravadas. Em 1997 um dos seus sonhos foi concretizado: publicou um livro de poesia intitulado “Pedaços de Mim”, editado pela Câmara Municipal de Gaia. Foi condecorado com a medalha de Ouro da Cidade de Vila Nova de Gaia. por mérito cultural, em 1995. Das Revistas de sua autoria, no teatro amador, destacam-se, entre outras, “Alma das Romarias”, “O Porto em Festa”, “Enfia o Barrete”, “Balões da Minha Rua”, “Bom dia, Porto”, “Aqui vai o S. Gonçalo”, “Hei-de ir ao Senhor da Pedra”, “Alma até Almeida, Garra até Garrett”. No teatro profissional foi autor, entre muita outras, das revistas “Com eles no sítio”, de parceria com Coelho Júnior, “Canta que logo bebes”, de parceria com Lopes de Almeida, e “Catraias e Vinho Verde”, de parceria com Carlos Coelho e Júlio César (em Lisboa esta revista teve o título “Aguenta-te à Bronca”). As suas canções estão gravadas em disco interpretadas por numerosos artistas: Ada de Castro, Anita Guerreiro, Cândida Branca Flor, Cármen Silva (Brasil), Conjunto Maria Albertina (de que foi diretor musical), Lenita Gentil, Maria da Fé, Rui de Mascarenhas, Trio Boreal, etc. Dos seus principais sucessos, que foram muitos, vamos destacar três: “O Emigrante”, com música de Maria Albertina, “Rosas Brancas”, com música de Isidro Baptista e “A Moda da Amora Negra” (a sua milésima canção, gravada em 1971, com música de Resende Dias). Dado o seu empenhamento militante no associativismo, por todos reconhecido, era sócio honorário de numerosas coletividades do Porto e de Vila Nova de Gaia, tendo sido distinguido pelas mesmas pelo seu serviço à cultura. Recentemente fora homenageado pelas Associações das Colectividades de Gaia, com o patrocínio da Câmara, no Auditório Municipal.
Dois pequenos apontamentos: José Guimarães só compunha e escrevia nas mesas dos cafés. Em casa “nem uma nota, nem uma linha” – garantiu à “Autores” o arquiteto José Luís Guimarães, seu filho. Outro pormenor: durante anos e anos, na rua onde morava, José Guimarães organizou, aos domingos de manhã, a partir da janela do seu quarto, um programa de rádio com a presença no exterior de numerosos vizinhos. Nesse programa falava-se da vida de cada um dos moradores da sua rua…»
Texto na Sociedade Portuguesa de Autores
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